quarta-feira, 9 de novembro de 2011

O Sargento e o Mendigo Acrobata
















García olhava as ruas, como quem procura alguma coisa.
Queria ele encontrar a ordem pacata das vielas desabitadas
Ou mais um pobre coitado vítima de seu próprio descaso
Pronto para ser entregue as nada nobre cacetadas?

Numa das vielas, eis que o Sargento García encontra algo que lhe agrada.
Sentando, abraçado ao seu cachorro, lá estava o mendigo acrobata.
Os Arcos, deixados num canto, e ao encontrar os olhos do sargento, Espanto.
Mais não medo,  o mendigo já conhecia o sargento de outras datas.

García puxou-lhe pelo colarinho, sem cortesia alguma.
E de surra em surra, foi deixando o pobre coitado todo ensanguentado.
E no final, ainda disse com voz de deboche desfalcado:
“Quero ver fazer vadiagem agora seu pé rapado!”

Ao virar a esquina, Sargento García, quase caiu duro no chão.
Eis que o mendigo acrobata, estava de pé, com seus arcos na mão.
E de acrobacia, em acrobacia, o danado ainda ria.
Ria, dos tolos da vida, que da vida, nada conhecia.

E pela primeira vez, o sargento chorou de verdade no fim da tarde.
Ele havia então, entendido que o pobre mendigo, era feliz, de um jeito especial.
Mesmo surrado, só tendo um cachorro ao seu lado,
O sargento sabia, que feliz como o mendigo acrobata, ele nunca seria igual...

sábado, 5 de novembro de 2011

Vamos Comemorar!


O Poeta está em festa!
O Blog Escritos Desvairados completa hoje seu primeiro ano de vida. Há Exato 1 ano atrás, comecei a deixar que a poesia me guiasse, e através dela conheci um mundo fantástico cheio de pessoas maravilhosas. Através do blog, fiz amigos verdadeiramente especiais, pessoas, blogueiros (as), poetas e escritores desvairados que assim como eu, transpõe seus sentimentos através das palavras.
O blog passou a fazer parte da minha vida, de uma forma muito especial. E agradeço aos que passam por aqui, por terem me ajudado a crescer junto com o blog ao longo desse primeiro ano. Nossa história juntos, está apenas começando. Esse é o primeiro capítulo. Haverá mais, e a cada novo objetivo alcançado, a cada nova poesia publicada, ficará sempre o meu muito obrigado, a todos vocês que ao passarem por aqui, e lerem um pouquinho dos meus escritos desvairados, deixam gravado o carinho e a gratidão no peito desse quase poeta.


E para comemorar a data, resolvi Re-postar meu primeiro poema publicado aqui à exatamente um ano atrás.


Amanhecer












O sol mais uma vez partiu.
Tão certo como meu coração
Num misto de dor e vazio;
Num manto de agonia e solidão

Levando nossa esperança
Em um novo amanhecer
Deixando viva a lembrança
De tudo que não pudemos ser.

A noite chegou Silenciosa e Obscura
Antecipando meu sofrimento
Deixando na alma a amargura
E o medo do esquecimento.

A brisa da noite veio me tocar
Uma brisa forte e fria.
Sussurrando que não sabia amar
Da forma com eu sabia.

Quando o sol voltou a brilhar;
Pude entender aonde cheguei.
Mais ninguém vai poder te amar
Da forma como eu te amei...



Amores de verdade
são como o sol.
Nascem. Morrem. E renascem mais uma vez depois da escuridão.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

(Re)Conhecendo-se
















É estranho sorrir, depois de tantas tempestades atemporais.
Esconder o que deveras sente por primaveras caladas.
E dar-se o simples propósito de seguir sem incumbências
Desventuradas de lógica impropriamente inexistentes.
É estranho, passar a noite toda num reflexo invertido do que se é.
Mais a maior virtude que se carrega, é saber quem se é.
Sem espelhos de vaidade, nem metafóricas fases passageiras.
Saber quem se é.
O que se esconde por trás da maquiagem, ou dos óculos escuros.
E olhar no ínfimo  dos sentimentos carregados, e ainda assim, se achar amor.
Amor resguardado, ferido, calado, sorridente, vivente. Amor. Sincero.
Em noites de conversas caladas comigo mesmo,  encontro razões, emoções e desventuras.
Mais também ouço-me trabalhando em novos caminhos.
Encontrando percepções  desencontradas.
Ouço meu pensar.  E dos pensares em existência, só um me causa inquietude:
Porque ainda assim, insiste em sorrir em uma noite sozinho?
Será maluco? Será crise de identidade? Será desvairado pensamento?
Não, é apenas o meu amor mais uma vez
Refletido no espelho de minha alma, me dizendo que haverá novas histórias a serem escritas.
E por hora, isso é tudo o que preciso para ter a convicção necessária para dizer:
Eu sei quem sou.  
E não me importo com o que há de vir.