domingo, 18 de novembro de 2018

Pra Hoje













Pra hoje eu desejo
Que todo anseio
Que carrego no peito
Seja desfeito.
Como o acaso
Que guardo no sorriso
Mas que não são só risos,
Mas também choro, grito e poesia.
Que clareie um novo dia!
E que todo pensamento seja positivo
E cada momento mais vivo
E cheio do melhor de mim
Para que eu possa enfim
Me livrar do peso passado
Esquecer os erros findados
E os recomeços mal recomeçados.
Que venha uma segunda, uma terça
Uma quarta e quinta
E que eu sinta
Uma alegria pintada de sexta-feira
Pra relaxar e ficar de bobeira
Com a alma cor de fim de semana
E que essa paz que o meu peito clama
Renasça como toda segunda
Sendo cada vez mais profunda
A minha felicidade
Que pra hoje eu desejei...



domingo, 19 de agosto de 2018

Os ventos mudam.
















Que seja leve
E breve
O recomeçar.
Sem medo de tentar
De novo
O novo.
Deixe pois o que ficou
Passou.
E não é mais
Nem menos.
Só foi embora
E outrora
Os ventos mudaram
As velas se ajustaram
E partiu-se para o mar
Num novo recomeçar
Remando.
Amando
Bem leve... 

Sherlock Holmes em: Au revoir, mademoiselle Adler

Uma história de: F.H.Canata

               O bom Lestrade esperava-me em minha sala de visitas há algumas horas. Era uma linda manhã se me lembro bem, detalhes triviais como um agradável dia de verão ou um dia completamente obscuro pela densa neblina só me eram gravados na memória, se fizessem de algum modo parte de alguma investigação dos meus registros, caso contrário eu nunca dedicara atenção a eles de forma precisa. Watson não dividia mais o 221B da Baker Street comigo na época, de forma que, a excitação de Lestrade teve que esperar sozinho até que eu acordasse por completo e me vestisse para o café da manhã. 
               - Oh, Holmes temo trazer-lhe notícias desfavoráveis. Ela...
               -Fugiu.  – Completei de forma brusca a frase, olhando calmamente a rua com seus cabriolés vespertinos, pouco apressados, uma vez que era um domingo como tantos outros, dia de descanso.
               - Então o senhor já sabe, senhor Holmes? Como soube? – Perguntou-me incrédulo o inspetor da Scotland Yard.
               - De certa forma, sim. Os fatos que eu sei, eliminam teorias e induz-me a deduzir o óbvio- Disse-lhe.
               -O senhor surpreende-me senhor, com seus métodos.
               -Não há nada para se surpreender aqui Lestrade. Basta apenas analisar sob a perspectiva correta. Apesar do sono, pude ouvir o murmúrio da voz calma da Senhora Hudson no andar de baixo há, ao que deduzo, umas duas horas atrás, dizendo-lhe que eu estava ainda na cama e que você poderia me esperar aqui. Enquanto me trocava, escutei seus passos apreensivos pela sala de espera e o barulho da corrente de seu relógio várias vezes, o que claramente, me mostrou que você estava ansioso para falar comigo, mas não era um portador de boas notícias, se assim fosse, teria me pedido para acordar imediatamente, mas você preferiu corroer-se com a aflição de quem não quer perturbar Sherlock Holmes enquanto ele dorme com notícias ruins. Uma vez que você e seus homens estavam atrás de um único objetivo, os fatos em si me sugeririam a resposta. Ela fugiu e você veio aqui na intenção de avisar-me do seu infortúnio.
               -Juro Holmes que não sei como ela conseguiu. Mantivemos atento-nos o tempo todo e ainda assim, ela se foi bem diante de nós. Como num passe de mágica.
               -Ora homem, a mágica em si é a sutil arte de desviar a atenção. E este tempo todo você e seus homens da Scotland Yard foram apenas meros espectadores da senhorita Adler.
Ela partiu de Londres ontem à noite no trem para Liverpool. Pegou os passaportes falsos que encomendara à sir Wallace, um dos melhores falsificadores de toda a Londres e de lá, partiu para França. Esses são os fatos que eu sei. Agora, deve estar em qualquer lugar do mundo, menos aqui no ocidente. Seria arriscado até mesmo para ela manter-se perto por hora.
               -Santo Deus homem e como é que sabe disso tudo? – Perguntou-me Lestrade.
               -Porque eu disfarçado a segui desde que ela saiu também habilmente disfarçada de um senhor de meia idade, bem diante dos seus homens.
               -E porque é que o senhor não nos alertou Holmes?
               -Porque meu caro Lestrade, eu encerrei o caso. Está terminado.
               -Terminado? Ora, mas o senhor mesmo acabou de dizer que ela conseguiu fugir! Como pode estar terminado?
               -Porque eu digo que está. Irene Adler era um perigo enquanto esteve por perto. Agora que se foi, não devemos mais nos preocupar com ela.
               -Então isso quer dizer que acabou? – Fitou-me aqueles olhos astutos do inspetor.
               -Sim. Acabou. Nem eu, nem o senhor, nem toda a Londres, jamais ouvirá de novo o nome Irene Adler. E este é o fim do caso. Agora, poderia fazer-me a bondade de me passar o Daily Chronicles desta manhã que está na mesinha. Ah, obrigado. Detestaria começar o dia sem procurar no jornal um novo caso para minha mente...

segunda-feira, 6 de agosto de 2018

Todo eu

Todo eu é lírico.
É prosaico.
Arcaico
Todo eu é mais
Sempre mais
Todo eu é poético,
É cinético
É patético.
Todo eu é assim
Caos sem fim.
Todo eu é tanto eu
Que já não cabe em mim...

segunda-feira, 30 de julho de 2018

(C)Oração














Do peito cansado
Ferido, machucado.
Fez- se ausente
Para não mostrar a dor que sente.

Coração que pede calma
Que pede paz na alma
Coração calejado
De tantos erros passados

Fez silêncio em prece
E seu bater padece
Precisando de atenção...

Coração indulgente
Que sempre se mostrou valente,
Hoje silencia em oração.

sábado, 28 de julho de 2018

Questionamento

















Questiono-me
Se sou, de fato
Um afeto
Em corações;
Ou bruscas emoções
Que passam e se vão.
Sem ser
Sem existir.
Quem saiba sou aquilo que há de vir.
O fato,
É ato
Que já nem sei.
Tentei.
Lutei.
Corri tanto atrás
Tentenando ser mais
E talvez no fim,
Fui menos.


sexta-feira, 18 de maio de 2018

A Mulher (Um conto sobre Sherlock Holmes)


Encontrei-me com ela.
Meu caro amigo Watson sempre me ouviu referir-me sobre ela como “A” Mulher, mas cá entre nós, Irene sempre fora muito mais. Eu, o mais altivo e astuto homem que já caminhou sobre estas terras, cuja destreza do raciocínio sempre fora impecavelmente perfeita, encontrei em Irene Adler meu calcanhar de Aquiles.
               Watson poupara os seus leitores dos fatos mais importantes sobre ela a meu pedido. Não incluíra em seus contos-registros, as muitas vezes pelas quais a senhorita Adler cruzou meu caminho e venceu-me. Talvez porque John sempre quisera ver-me como um homem sagaz, um herói, coisa que eu mesmo o adverti sobre nunca ser e menos ainda almejar ser. Lestrade que o diga. Não fosse pelas inúmeras vezes as quais cedi os créditos de minhas vitórias a ele, apesar de ser um brilhante inspetor da Scotland Yard, não teria a boa fama que ostenta hoje.
               Mas este breve relato não se trata de outra coisa, senão dela. A Mulher. Irene Adler. Poucas vezes na vida eu vi alguém conseguir unir inteligência e sabedoria como ela. Nem tampouco vi caminhar sobre a terra, pessoa mais esperta, arisca e arredia. Ela era, em todos os sentidos possíveis, impossível de ser domada. Não sou capaz de fazer uma descrição fisionômica de sua pessoa, porque, esta habilidade pertence ao meu biógrafo Watson que sabe conduzir uma narrativa melhor do que ninguém, e embora eu ainda possua o retrato dela, guardado no meio daquela minha surrada agenda velha no fundo do baú onde guardo as anotações dos casos de Moriarty, eu não toco em sua fotografia muito menos ouso olhá-la. Permanece lá, inquieta e solene. Para lembrar-me da primeira vez que a vi, naquele escândalo evitado envolvendo o herdeiro do trono da Boêmia tão bem descrito nos contos de meu velho amigo.
               Mas a grande verdade, que acho eu nem mesmo Watson sabe é que eu guardei o seu retrato e o mantenho comigo até hoje. Porque é da minha persona exaltar-me com minhas vitórias pessoais, mas também faz parte de mim, Sherlock Holmes, lembrar sempre de que nunca serei nada comparado a Irene. E aceito este fardo de bom grado. Watson disse certa vez, se me lembro com exatidão de suas palavras (Peço a gentileza de que me concedam o direito à dúvida, pois Watson sempre fora muito preciso em seus julgamentos sobre minha personalidade, mas em dadas ocasiões, escondi dele o que sentia com exatidão para poupá-lo de preocupações desnecessárias)que eu, Sherlock, sempre tivera uma inteligência fria, porém admiravelmente equilibrada o que me tornava imune a emoções,  incluindo o amor.
               Mas ela. A Mulher. Irene Adler.  Teve de mim o mais próximo desse sentimento que eu pudesse ser capaz de sentir.
               É certo quando dizem por aí que nenhum homem jamais venceu o grande Sherlock Holmes. Porque as únicas vezes que fui vencido, não fora um homem. E sim uma Mulher.
               A Mulher.
               Irene Adler.


Sherlock Holmes, 221B Baker Street, Londres 18 de maio de 2018.

terça-feira, 8 de maio de 2018

O verdadeiro amor
















Tinha ele a convicção
De que sabia o que guardava no coração
Sem saber de fato
Que amar não é apenas um ato.
É tato
É toque, é sentir.
E não apenas sorrir
Mas ser feliz de verdade.
Não se ama pela metade
Nem se apega a necessidade
De ter alguém só por ter
Amar é ser.
Completo
Certo
De que não há vazio interior
Onde habita o verdadeiro amor


segunda-feira, 7 de maio de 2018

Fase dos tropeços
















Ao doce encargo da vida,
Entrego-me sem medida.
Ao novo.
De novo.
Só que novo.
Em amplitude aumentada,
Vida que segue uma vez purificada,
Não se apaga
Nem some.
Resta meu nome
A zelar em demasia.
Faz versos, prosa e poesia.
E que renascer,
Seja parte do verbo viver.
Do auto-entendimento,
Desapego meu sofrimento
Para seguir com o vento
Onde Deus me levar.
E um dia eu ei de estar
Lá na frente e olhar
Dizendo a mim:
"Passou em fim
A fase dos tropeços. "

quinta-feira, 26 de abril de 2018

Eu sou o acaso


















Eu sou aquele lobo
Que já não tem matilha ao seu lado
Por escolha ou trágico passado.
Eu sou aquele vento
Inconveniente
Que insiste em vir no inverno
Incomodar tanta gente.
Eu sou aquele passageiro
Desembarcando na estação
No peito traz silêncio
Na mala o coração.
Eu sou a tristeza
A melancolia.
O riso sincero
E toda a poesia.
Eu sou o nascer
De tudo aquilo
Que um dia virá ser.
Eu sou o acaso
Que por acaso, você desconhece.

segunda-feira, 16 de abril de 2018

Amor desmedido

















O entendimento da alma é fraco
Falho no sentido desmedido
Ama-se demasiado
Amor completamente vivido

Mas haveria um propósito
Ou uma mera razão?
Ou seria a alma um depósito
Que guarda os anseios do coração?

E no desentender de si mesmo
Segue ainda que a esmo
O vago ato de pensar.

Entender a si mesmo é tarefa complicada
Deixa sempre inacabada
Toda a tentativa de se amar...


quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Incompreensível


















Falava sobre devaneios
Escrevia algo desvairado
Trazia no peito seus anseios
E letra a letra, sofria calado

Poeta que outrora fazia versos com graça
Hoje pousa a caneta em traços leves
E a folha que queima feito brasa
Já não sabe fazer poemas breves.

E a vida, alheia segue seu rumo
É contraventora de seu querer
Poeta é ser errante
Que erra quase sempre sem saber

Já é fato consumado
Que carrega sempre em seu peito o afago
E uma tempestuosa inquietude
Todo poeta, tem medo que nada mude

E escrevendo expressa o que sente
Um poeta nunca mente
Sobre aquilo que vê e crê.
E no fim sua poesia é apenas ele tentando sobreviver.


sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

A pessoa que é o poeta.

www.fhcanata.blogspot.com.br
Pessoa mentia
Quando dizia:
"O poeta é um fingidor"
Talvez a maioria não entenda nossa dor
Mas as palavras, elas entendem
E elas não mentem.
Talvez elas até sintam
Que os versos gritam
O que a voz já não fala.
E o sorriso apenas nos cala.
Para não ferir ainda mais a alma
O poeta escreve
Porque se soubesse
Ao menos cantar
Poderia concordar
Com a tal da Cássia:

"Eu sou poeta e não aprendi a amar" 






sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

Renovando-se














Houve um silêncio
Que outrora fora puro anseio
E o que antes era quieto
Tornou-se um incerto devaneio

E de escritos pendentes
Foi-se fazendo indulgente
Até ser de novo o inesperado
Sem apego amargo ao passado

Fez então cotidiano
E foi continuando
Reinventando-se

No emaranhado de sentimentos
Pousou seus próprios pensamentos
Renovando-se...